sexta-feira, 31 de julho de 2015

A APEOralidade tem, ainda, ao seu dispor o livro do Poeta Clementino Baeta

   A APEOralidade tem, ainda, ao seu dispor o livro do Poeta Clementino Baeta, Almancil, discípulo querido de António Aleixo a quem escutou  nas tertúlias poéticas da Bordeira, desde os 6 anos de idade. O poeta ao apagar-se o Patriarca das letras populares alarga a sua visão do mundo emigrando para Venezuela. Não encontrei, entre os populares, uma visão tão rica do homem, do mundo, da mulher, do amor, da vida. Não encontrei, entre os poetas do povo, quem conciliasse de modo tão elevado a profundidade e pertinência do sentido critico, obediência e criatividade na prática poética tradicional. 



CUMPRIR ABRIL

Até ao ano dois mil
Será possível, Deus meu,
Que o vinte e cinco de Abril
Não cumpra o que prometeu?

Sem perder a confiança,
O povo humilde e servil
Vai esperando com esperança
Até ao ano dois mil.

Falta emprego à juventude
E protecção ao plebeu.
Que até lá nada demude
Será possível, Deus meu?

Já existe quem implore,
Com razão ou por ardil,
Que surja um dia melhor
Que o vinte e cinco de Abril.

Mas será que a liberdade,
Que em Abril floresceu,
Mesmo com morosidade

Não cumpra o que prometeu? 


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