INFORMAÇÃO
BREVE SOBRE A APEORALIDADE E MOÇAS NAGRAGADAS
Desci de Lisboa, em 1994, no desejo de apurar
em que medida sobreviviam os provérbios que encontrara estreitamente aliados à
nossa poesia nascente dos m. do séc. XIII. Constituída uma equipa de investigação – Dulcelina Coelho, Solange Castro e Brito,
Isabel Lima –, fixamo-nos nos dois
microcampos de Boliqueime e Paderne, ponto de partida para a pesquisa e
estudo da oralidade em visão contrastiva.
Ali tão perto das minhas origens,
surpreendiam-me a multiforme riqueza e diversidade dos enunciados que
subsistiam na oralidade do barrocal da região do Algarve: lengalengas e
travalínguas, adivinhas e despiques, quadras, cantares, romances..., entrelaçavam-se-me
espontâneos nos provérbios, ultrapassando toda a expetativa: e aparece, em 2002, a APEOralidade a consolidar o
trabalho de investigação com publicações bibliográficas e fonográficas e a
promover a sensibilização e divulgação do Património Imaterial, felizmente
preservado na oralidade da comunidade regional.
De repente, eis que trocara a pedagogia de
aula pela pedagogia de campo. Algumas entre as melhores informantes, como a
Almerinda e a Donzelica e a Leonor, deixam-se envolver, ao meu lado, dinâmicas
e eficazes no trabalho de pesquisa e, por vontade própria, aceitam constituir-se
em grupo de cantares: chamei-lhes Moças
Nagragadas. Envergando livre trajo domingueiro e, por amável concessão da
sociedade dos anos 30 (séc. XX), a saia um palmo acima dos tornozelos, integram-se
desde 2003 na APEOralidade: de muito longe, do país e do estrangeiro
procuradas, elas aí estão. Coordenadas por Nelson Conceição, constituem
estímulo e credibilidade no esforço do investigador.
A este feliz acaso das minhas Nagragadas um
outro sobreveio: o da envolvência na
divulgação dos dados, na sensibilização da comunidade, na Pedagogia da Oralidade:
em 2012, mercê de protocolo coma DREAlg, numa ação que envolve as Nagragadas, o
Património Imaterial, recolhido na oralidade dos Concelhos de Albufeira e Loulé
chega às bibliotecas escolares de toda a Região do Algarve e confirma-se a
escola como destino primeiro e natural da fina cultura da nossa raiz
comunitária, que ainda persiste no coração e na mente de alguns a quem muito
urge ouvir.
J.
RUIVINHO BRAZÃO
email:
apeoralidade@gmail.com; Telemóvel: 961040483; Telefone: 289542992
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