sexta-feira, 31 de julho de 2015

A APEOralidade tem, ainda, ao seu dispor o livro do Poeta Clementino Baeta

   A APEOralidade tem, ainda, ao seu dispor o livro do Poeta Clementino Baeta, Almancil, discípulo querido de António Aleixo a quem escutou  nas tertúlias poéticas da Bordeira, desde os 6 anos de idade. O poeta ao apagar-se o Patriarca das letras populares alarga a sua visão do mundo emigrando para Venezuela. Não encontrei, entre os populares, uma visão tão rica do homem, do mundo, da mulher, do amor, da vida. Não encontrei, entre os poetas do povo, quem conciliasse de modo tão elevado a profundidade e pertinência do sentido critico, obediência e criatividade na prática poética tradicional. 



CUMPRIR ABRIL

Até ao ano dois mil
Será possível, Deus meu,
Que o vinte e cinco de Abril
Não cumpra o que prometeu?

Sem perder a confiança,
O povo humilde e servil
Vai esperando com esperança
Até ao ano dois mil.

Falta emprego à juventude
E protecção ao plebeu.
Que até lá nada demude
Será possível, Deus meu?

Já existe quem implore,
Com razão ou por ardil,
Que surja um dia melhor
Que o vinte e cinco de Abril.

Mas será que a liberdade,
Que em Abril floresceu,
Mesmo com morosidade

Não cumpra o que prometeu? 


PALAVRAS COM QUE BRINCO E APRENDO 2-6 anos




A sair brevemente


PALAVRAS COM QUE BRINCO E APRENDO
2-6 anos


Palavras com que Brinco e Aprendo, 2-6 anos, edição da Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade, é a primeira de uma série de três publicações paraescolares que assentam na seleção de texto do Património Oral, que tem vindo a ser recolhido, refletido, publicado e pedagogicamente explorado desde 1994 até ao presente, em trabalho de investigação da oralidade tradicional na Região do Algarve, com o centro em Paderne (Albufeira), um estudo em visão contrastiva com o Património Imaterial da vizinha comunidade de Boliqueime (Loulé), ainda em reflexão. Enunciados paralelos, recolhidos noutras comunidades e aqui pontualmente  incluídos, devem-se, sobretudo, a Ações de Formação de Professores, dinamizadas pelo autor, J. Ruivinho Brazão, como Professor Formador.

Com mais de 100 páginas, a publicação abre com um índice sumário e com uma palavra muito breve em que o autor se dirige às próprias crianças. Compreende 4 partes: a primeira é constituída por 57 linquintinas, enunciados que fluem simples, espontâneos e livres, graciosos e apetecíveis de ouvir e dizer, rápidos e transparentes como água que sai da fonte, distribuem-se por 2 capítulos, o primeiro com lengalengas, o segundo com trava-línguas. A segunda parte, dando ainda prioridade ao lúdico, é constituída por 33 adivinhas. A terceira, com 34 enunciados, contém cantigas de embalar, quadras do cancioneiro e provérbios. A quarta parte centra-se num conto que foi recolhido na comunidade de Ferreiras, Albufeira, da voz de Alzira Piteira: “O Menino e o Vento Norte”.
Ações de Pedagogia da Oralidade, levadas a efeito por esta Associação com apoio de Moças Nagragadas na Região do Algarve, comprovaram amplamente a pertinência e o acolhimento dos conteúdos da publicação, junto das crianças do Jardim Escola.

A edição tem o mérito de beneficiar da colaboração pedagógica da equipa de Educadoras - Ana Cristina Brazão, Maria da Nazaré Gonçalves, Patrícia Jorge Silva (Albufeira) e Paula Rute Santos e Paula Valente (Loulé) a quem se deve a criatividade das Sugestões Pedagógicas, que acompanham os diferentes núcleos de texto.
Mas a publicação tem o particular benefício do “Protocolo de Colaboração Específico”, que envolve, com a APEOralidade, a Direção Regional de Cultura do Algarve e a Escola Superior de Educação e Comunicação: esta desce ao terreno com técnicas ilustrativas específicas - pela mão da estagiária do Curso de Design de Comunicação da Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, Inês do Carmo Gonçalves, do Curso de Design e aluna da Prof. Doutora Joana Lessa, PhD, Professora Adjunta, Departamento de Comunicação, Artes e Design, ESEC-UAlg. Conjugam-se, aqui, em harmonia o imaginário linguístico e a criatividade pictórica: ganha em atrativo a expressão da oralidade.  
Dois posfácios encerram a publicação: o primeiro, do autor, para os pais, avós e educadores; o segundo, da equipa pedagógica para os educadores, seus colegas. E, a concluir, notas informativas e índices vários.

A publicação enquadra-se na convicção de que a criança e o jovem são, de sua natureza, o destinatário primeiro da investigação do Património Oral: tendo escapado ao “Visado pela Comissão de Censura”, a que nem escapavam as quadras de feira, a oralidade tradicional preserva a sensibilidade pura da nossa cultura de raiz livremente expressa, no pensar e no querer, no sonhar e o no agir do povo que somos e que é o melhor que ainda temos. Fica assim justificada a presente iniciativa editorial.


J. Ruivinho Brazão

     APEOralidade com Povo que ainda Canta 


           No dia grande na Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 

     O imaginário de Tiago Pereira seduziu-se um dia pelas Nagragadas da APEOralidadeAté conseguiu que a Almerinda e Leonor marcassem presença, assim tão longe e num espaço tão amplo e original como a do Esporão. E o público pôde dialogar desvendando o segredo que preside a arte dos trava-línguas que vêm de muito longe no tempo, trazendo consigo a arte e o jeito, o encanto e o atrevimento do imaginário dos pais dos nossos pais e que bem merece animar, ainda, os filhos dos nossos filhos.

      A sensibilidade do Tiago constitui para estas mulheres um estímulo e, não menos, para esta Associação. A comunidade bem precisa de homens com o dedo artístico do Tiago Pereira que levem à projecção daquilo que no mundo de música e das letras, na poesia e no canto, o que é dizer, na ordem do belo vive no coração e na mente de alguns a quem muito urge escutar: estes são nosso povo e são também o melhor que ainda temos. Num tempo em que só se fala de economia e de dinheiro - e justamente aquilo que não nos é dado - detemo-nos na preservação do belo que nos caracteriza e que muito urge fixar e proteger para os filhos que hão de nascer. 


      Não é sem razão que adverte o bom Papa Francisco: descartam-se as crianças que se isolam em contentores; descartam-se os idosos que se isolam, estagnando noutros contentores; amarram-se os pais o tempo todo em serviços mal remunerados, separando-os mesmo ao domingo, e a relação com as crianças é só na hora do deitar. E Francisco com razão acrescenta: assim não passam os afetos vitais e não passa, de geração para geração, a cultura. 





sexta-feira, 24 de julho de 2015

A APEOralidade e a colaboração com Teia d' Impulsos, Portimão










   E como suprir a ausência inesperada de 3 intérpretes - Almerinda, M. Jesus e Dulcelina -, num encontro com Teia d' Impulsos, que muito estimamos porque privilegia a fina cultura de raiz comunitária, preservada na oralidade e felizmente acolhida pela APEOralidade?    




sexta-feira, 3 de julho de 2015

Festival de Oralidade do Algarve, 3 de Julho de 2015

No Festival de Oralidade do Algarve (FOrA), Portimão/ Alvor 2015


O Executivo da Teia e, em particular, a sensibilidade e a dinâmica da Coordenadora Dra. Carla Vieira, de novo solicitaram a presença da APEOralidade com Moças Nagragadas: e o público, esclarecido e sensível à riqueza singular da tradição oral, que felizmente vive na mente e no coração de alguns, não deixou de reclamar mais uma cantiga a concluir. 

E as crianças de Portimão dos 4 aos 10 anos puderam escutar, mais uma vez, as lengalengas os trava-línguas, as adivinhas e as quadras de no sense, memória de Boliqueime e Paderne em visão contrastiva. 
  





terça-feira, 24 de março de 2015

As Linquintinas Tradicionais em livro aberto pela APEOralidade, na Biblioteca Sophia de Mello Breyner Andersen


           A Biblioteca Sophia de Mello Breyner Andresen, templo de cultura, abriu-se, na noite de 19 de março de 2015, às 21 horas, como palco do Património Imaterial, através das Linquintinas, na apresentação do livro Estão Vivas as Linquintinas Tradicionais em Portugal. 



     Abriram a sessão as Nagragadas, com três cantares  da sua graça. No decorrer da sessão,  a intervenção da Almerinda (Paderne) e da Leonor (Boliqueime) deixou bem em evidência a proximidade e a diferença da criatividade estético-linguística do imaginário das duas comunidades. Laura Brás declamou duas lengalengas. 



        
  



     Presidiu à mesa a Prof.ª Doutora Alexandra, Diretora de Cultura Regional: numa reflexão sobre as Lengalengas e os Trava-línguas, salientou a noção e a importância destes enunciados na prática pedagógica, e daí o seu apoio na ação de pesquisa da oralidade regional. 






    O Professor P. Ferré e Vice-reitor da UAlg concentrou toda a atenção dos presentes, numa comunicação muito simples, fluente e próxima, como é de seu estilo, ao mesmo tempo que inovadora e profunda. Não lhe escapou relevar a ligação das Linquintinas, que hoje vivem na mente e no coração de alguns, com a prática que vem da I.M. e do séc. XVI em Gil Vicente.

    
         O Presidente da Câmara de Loulé, Dr. Victor Aleixo, posicionando-se discretamente ao fundo da sala, ali atento e bem disposto, como não podia deixar de ser por natureza da própria temática e logo ao lado de Carlos Albino, viria a encerrar o evento com palavras de reconhecimento e muito estímulo. Aí, Carlos Albino interveio a enaltecer, com palavras de claro apoio ao trabalho desenvolvido pelo autor e pela Associação no domínio da oralidade: e ao testemunho do elevado talento não podia faltar o bom humor, que sempre o caracteriza, a animar a casa cheia. 
       
          O autor e Presidente da Direção, rompendo as regras correntes, começou por agradecer à assistência.  E, logo, aos Municípios de Loulé e Albufeira, nos quais a oraldidade sempre encontrou apoio. Agradeceu à DRCAlg, na pessoa de Alexandra Gonçalves, e a P.  Ferré.   

    J. Ruivinho Brazão, visivelmente satisfeito com o decorrer do evento, salientou a presença de Dra. Dália Paulo, Delegada Emérita da DRCAlg, sempre sensível à cultura da oraldiade. E mencionou, entre outros, o Presidente da Assembleia, Dr. João Carlos Correia, e a Direção da APEOralidade.     

       Rita Moreira conduziu as intervenções com a sapiência que o público bem conhece. Guida Jordão, que se esmerou na preparação do evento, acompanhou-nos interessadamente atenta: nem faltou um marcador com duas lengalengas, Dona Ana (Albufeira) e Dona Anica (Loulé).                                                                 





     Um pormenor do grupo Nagragadas 
 Esmeralda Brazão, Maria de Jesus Coelho Aço e sua irmã, Dulcelina (da esquerda para a direita).

sexta-feira, 20 de março de 2015

Apresentação de Livro na Câmara Municipal de Loulé


A Biblioteca de Loulé com a habitual dignidade a singeleza e a originalidade de um evento que se centra na fina cultura de raiz guardada no coração e na mente do povo que é o melhor que ainda possuimos. O Município de Loulé está sempre atento a estas realidades que têm que ver com a nossa entidade profunda. 

terça-feira, 17 de março de 2015

APRESENTAÇÃO DE LIVRO - BIBLIOTECA MUNICIPAL DE LOULÉ


      Há momentos em que experimentamos, de modo particular, o que significa a presença solidária de quem é sensível aos valores profundos da comunidade que nos deu origem: tal é o que acontece no dia 19 de março, quinta-feira, 21 horas, na Biblioteca Municipal de Loulé, momento em que se lhe propõe, com a apresentação do livro Estão Vivas as Linquintinas Tradicionais em Portugal – Palavra Prazer e Jogo na Boca do Povo, um mostruário breve da fina cultura de nossa raiz comunitária, que a APEOralidade, felizmente, vem arrecadando, refletindo e divulgando em visão contrastiva na oralidade tradicional de Albufeira e Loulé.
        A APEOralidade convida para um momento que é de prever resulte rico pelos ludismos em que assenta e, não menos, pela proximidade e  pela originalidade de leitura de P. Ferré, Vice-Reitor da UAlg: nem faltam, na saudação inicial, as Nagragadas com o perfume da sua graça.