terça-feira, 20 de novembro de 2007

Notícia do Jornal Barlavento - Os provérbios estão vivos e recomendam-se no Algarve

Os provérbios estão vivos e recomendam-se no Algarve
Moças Nagragadas

Investigadores nacionais defendem que provérbios não correm risco de extinção, mas alertam para a falta de recolhas populares. Algarve tem sido excepção, embora o volume de trabalhos de pesquisa seja ainda reduzido.
É possível falar de provérbios durante dez dias? Mesmo em inglês? A resposta é «sim» e a iniciativa teve lugar em Tavira, até à passada segunda-feira, onde decorreu o primeiro colóquio internacional sobre provérbios, que reuniu os quinze maiores especialistas sobre o tema.

A discussão dos problemas associados às dificuldades de tradução foram importantes para perceber que expressões como «it´s raining cats and dogs» [à letra, está a chover cães e gatos] têm equivalentes na língua de Camões e remetem para a popular expressão proverbial «está a chover a cântaros».

Traduções à parte, também houve argumentos suficientes para dizer que os provérbios estão para ficar em todas as línguas e até para passar a mensagem de que «os provérbios estão vivos no Algarve».

Esta expressão já deu inclusivamente título a uma publicação de José Ruivinho Brazão, investigador e presidente da Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade (Albufeira), que reuniu centenas e centenas de expressões proverbiais que correm na boca das gentes do Barrocal.

Só na aldeia de Paderne, onde incidiu a sua pesquisa, Ruivinho Brazão, um dos poucos estudiosos sobre os fenómenos da oralidade na região do Algarve, encontrou cerca de seis mil enunciados proverbiais, muitos deles com um forte cunho regional.

«Muitos coincidem com os provérbios que o investigador Pedro Chaves já identificou no Norte, mas a verdade é que a aldeia de Paderne conseguiu produzir as suas próprias variantes e as adaptou às sua realidade», exemplificou o investigador ao «barlavento».

Rui Soares, membro do Instituto de Estudos de Literatura Tradicional da Universidade Nova de Lisboa e organizador do seminário, vai mais longe e acredita que os provérbios «são uma das componentes da identidade nacional», defendendo mesmo que as expressões idiomáticas ou proverbiais não correm «risco de extinção».

«A criatividade e as características de cada região apresentam tendência para criar cada vez mais provérbios. Um dia destes, dizer qualquer coisa como ‘todos os caminhos vão dar a Tavira’ pode tornar-se um provérbio desde que o uso seja assimilado pela população local», explica Rui Soares.

É aliás para registar estar estas evoluções que José Ruivinho Brazão insiste na necessidade de uma recolha constante, alertando para a falta de pesquisa sobre questões de oralidade na região do Algarve, que tem estado limitada a iniciativas autárquicas pontuais ou a projectos de recolhas populares, como o caso do grupo «Moças Nagragadas».

«Se até agora os provérbios meteorológicos eram verdadeiros, e muitos estavam adaptados às características do Algarve ou do País, daqui em diante [e com as alterações climáticas] podem deixar de ter base cultural ou real e perder-se», exemplifica Ruivinho Brazão.
19 de Novembro de 2007 | 09:25
Filipe Antunes

domingo, 7 de outubro de 2007

Do coração vem a tinta que pinta a minha poesia

Autor: Jacinto Ferreira de Sousa Pinto

Coordenação e apresentação crítica: José Ruivinho Brazão

Publicação: APEOralidade, 2007
Descrição física: 261 p., capa mole
ISBN: ISBN 978-989-95408-0-4
Nº do Dep. Legal: PT257572/07

Nascido em Paços de Gaiolo, concelho de Marco de Canaveses, Jacinto Ferreira de Sousa Pinto, pequeno adolescente ainda, sente-se perseguido pelo prazer da poesia como um jogo: este natural pendor acompanha-o nos 25 anos de Angola.
No regresso, trazendo consigo um punhado de quadras, é ele próprio que persegue o mistério poético e desvenda em Albufeira os segredos escondidos da palavra e do poema: «Este embrião de poeta/comigo em Paços nasceu, / mas só atingiu a meta no Algarve, / onde cresceu. »Jacinto fixa-se na redondilha, o ritmo espontâneo da fala em lingua materna. Em verso solto ou preso ao mote, ele mostra-se cativo da rima interna.
O livro, a todos acessível, constitui um hino à graça e harmonia da natureza. Crítica enérgica da sociedade, é simultaneamente o canto da poesia como expressão dos valores universais, capaz de mobilizar e transformar o homem. É o elogio do amor personificado na mulher e é o canto e o encanto da criança para quem reverte o produto da obra.
Do Coração Vem a Tinta que Pinta a Minha Poesia é, em suma, a sedução pela palavra e pelo mistério poético, campo imenso de liberdade para o falante, onde se abraçam vontade, criatividade, humildade: «Não há poesia sem arte, / sem arte jamais se faz. / É mais fácil ir a Marte / que criar poesia capaz»
J.Ruivinho Brazão

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Discografia - O rosto da gente e da região do Algarve, vol. 1

Título: O rosto da gente e da região do Algarve

Autor: Moças Nagragadas

Resp. Artística: Nelson Conceição, produção, arranjos.

Moças Nagragadas: Almerinda Coelho, Feliciana Coelho, Esmeralda Brazão, Maria de Jesus Aço, Maria Mendes, Raquel Longuinho, Donzelica Rosendo e Leonor Joaquim, voz; Com: António Alberto Coelho, voz, viola; Nelson Conceição, acordeão; Paulo Machado, baixo.

Publicação: Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade, 2006
Descrição Física: 1 disco (CD) (46 min.) : stereo; 12 cm
O folheto contém as letras.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Região Sul Diário online - Encontros sobre Património Cultural Oral (Loulé)



Loulé recebe Ciclo de Encontros sobre Património Cultural Oral

A Biblioteca Municipal de Loulé Sophia de Mello Breyner Andresen vai promover quatro encontros, nos próximos quatro meses, sendo o primeiro dedicado aos provérbios, já no próximo dia 18 de Janeiro.

Cada uma destas actividades é constituída por uma pequena exposição sobre a temática apresentada pelo professor Ruivinho Brazão, presidente da Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade, seguido da actuação das “Moças Nagragadas", Grupo de Cantares Populares Tradicionais, com a duração aproximada de 60 minutos.

A Associação de Estudo e Pesquisa da Oralidade resulta de um projecto de investigação da oralidade que dura desde 1994, centrando a sua actividade nas freguesias de Paderne e Boliqueime num estudo contrastivo das duas comunidades.

Ruivinho Brazão é Mestre em Literatura Portuguesa na especialidade Literatura Portuguesa Medieval pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa.

Para além das obras publicadas, Ruivinho Brazão criou em 2003 a Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade, onde posteriormente integrou as “Moças Nagragadas” que são o resultado do trabalho de pesquisa realizado, e onde se releva a riqueza dos provérbios, das cantigas de baile de roda, das adivinhas e dos romances.
Região Sul Diário online, 11 de Janeiro de 2007, 16:59